4 de fev. de 2009

E tu é do Rap?


Estava em minha casa com o mano Withe Jay aqui da Nação do RS. Ouvíamos uma música que dizia: “Conhecimento é liberdade, tem ditado seu valor”. Essa frase desencadeou em mim uma vontade imensa de falar sobre o Hip Hop. O mano Withe perguntou : “Isa você ama o rap e o Hip Hop né?”. Fiquei sem resposta pois sempre sou questionada com a pergunta : E tu é do Rap?

Sabe aquele pavio que só faltava acender para explodir tudo? Foi o que aconteceu com minhas idéias e palavras na mesma hora. “Withe, amo sim mas sei que não faço parte dele, não sou nenhum dos 4 elementos”. Acredito no Movimento Hip Hop (prefiro chamar assim), acredito no seu potencial de transformação social , atitude e protagonismo.

A atitude e indignação que fazem com que uma jovem como eu não aceite e nem veja como normal ter uma cama para dormir e ao meu lado um mano vivendo na rua, ou ter a oportunidade de estudar de me qualificar e ao mesmo tempo jovens iguais a mim matando e morrendo nas periferias, são meus amigos, conhecidos ou nada disso.

Acredito nas raízes do Movimento Hip Hop, raízes de um povo, que no Brasil conta com no mínimo 500 anos de desigualdade, exploração, discriminação, violência e a falta de oportunidades e apesar de tudo isso encontrou formas de manifestar sua indignação através da música, da dança e das artes plásticas: a cultura Hip Hop.

Enquanto uma jovem que se indigna e se revolta com a sociedade que vivemos, encontro sim, no Movimento Hip Hop um espaço. Espaço esse que que não é apenas o de mercado como muitos vêem (são vários que pensam assim). Vejo como um espaço para aprender e contribuir com tudo que aprendi até hoje, para que outras pessoas tenham acesso ao que tive , não de forma fácil (nada é fácil), e sim com sangue, suor e lágrimas não só minhas mas de muitos que nos antecederam.

Para isso tenho disposição de contribuir para este movimento com o que sei fazer, é nisto que acredito e é isto que me move também. Existem milhares de jovens que pensam desta forma e estão apenas aguardando o “sinal verde” para chegar junto. Falando de chegar junto, precisamos fazer com que o “tamu Junto” não seja apenas da boca para fora e se torne realidade em todas as horas, todos os lugares para o que der, vier e o que vamos construir.

Como falei demais, o mano Withe Jay disse: “ Isa, tu pode não fazer Rap, mas você ama e acredita nele, então faz parte dele sim!”. Já estava na hora de darmos aquele rolê por Porto Alegre e tudo ficou mais entendido. Faço parte do 5° elemento que pode contribuir e ajudar a unir os outros 4.

Eu estou lado a lado com o Movimento Hip Hop, além de mim existem muitos manos e manas por este Brasil, que querem estar lado a lado.


Este texto foi publicado na coluna Hip Hop à Lápis do portal vermelho.org

À pedido de uma amigona não, poderia deixar de publicar aqui.

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