31 de ago. de 2011

O Maior Espetáculo da Terra


O pássaro voa sobre o céu aberto,
várias alturas ousadas alçam muitas aves.
Algumas, riscando o mar
brincam de aeroporto e decolam
nas ondas das águas e dos ares.
Mas há asas e voar não é perigo;
É mais que isso,
voar é no corpo do pássaro
uma forma de pensamento.
Poderia citar todos os animais
e seus lugares de existir
e tudo seria admissível
na linha do seu ir e vir.

Mas o homem não.
Sem garantia, se equilibra
no fio do seu pensamento,
sem que tenha asas, voa,
e sem limite de aventura,
até da natureza caçoa.

Equilibrista,
se apodera dos seus sonhos
e de suas inesperadas iscas
e vai rebolando no bambolê das pistas.
 
Elabora, passa o mundo em revista,
mas seu conteúdo chora,
porque tem medo do risco.
O risco !
Logo o risco, meu Deus,
que é pai de tantas vitórias
sobre tantos reclames.
Bailarino do arame,
homem que se consome
no erro crasso da mesquinharia,
da mentirosa segurança
de que o mundo é sempre reto
e as coisas, imutáveis, certinhas
e sem alquimias.
Mas diante do susto da mutante verdade,
se equilibra no andaime que construiu
e que sem sua criativa ousadia,
jamais existiria.

Trapezistas de trapézios inusitados,
nos vemos na mão do destino
como se dele não fossemos também autores.
Senhoras e senhores da jornada
geramos no mundo nossa ninhada
e com ela o nosso projeto,
nossa luta,
porém é certo que nos volta com força bruta
o ordinário fato
de não pensarmos no que virá
depois do nosso simples ato.
Porque pertence ao homem a habilidade
de ser sujeito transformador,
de realizar todo dia
o seu show de competência,
engolindo o fogo do orgulho,
se esquivando do atirador de facas,
domando os problemas que rugem
podando o pelos da Dona Insegurança,
essa mulher barbada.

Mas, respeitável público,
o show não pode parar.
Às vezes dói viver,
às vezes dá preguiça de continuar,
quando nos esquecemos
que somos os construtores
do tal arame onde andamos
quando nos esquecemos que somos
o motorneiro, o piloto, o barqueiro,
o motorista e o garoto que gira o pião,
que chuta a bola, que mira o gol,
que gira o leme, que conduz o trem,
o diretor e o ator que apresenta este espetáculo.
Poderoso é o homem com seus esclarecimentos
sobre o evento vida,
poderosa é a vida
sobre o homem que não a tem esclarecida.

Para o homem basta um dia.
Um dia de coragem.
Um dia de luz.
Uma atitude pode mudar
a qualidade do seu trabalho,
do seu cotidiano,
e da sua história.
O seu relógio pode ser o tempo
que não desperdiça glórias,
liberto de auto-piedades,
com faróis que o projetem
para além das idades,
que o homem arquitete pilares
brindando à realidade vindoura,
que a chuva de aplausos ou vaias,
fertilizem novos frutos
seguindo a lógica da lavoura:
o que cresceu?
o que é que eu faço?
o que tenho que molhar sempre?
o que é que eu levo?
o que é que eu passo?
Não disfarço:
O homem é o dono do homem
Deus é cúmplice
no livre arbítrio do picadeiro
desse espaço.

Escolhe o alvo,
o salto
e os movimentos
no desprendimento que precisará
para atirar-se
nos braços do outro,
na confiança no trapezista ao lado.

Mágico, com surpresas únicas na cartola,
com o suprimento intransferível
de ser original e não simples cópia,
reprodução,
papel carbono de mais um animal,
em um segundo ele muda tudo.
De lenço para pombas,
de pequeno para colossal.

Acrobata,
dono do seu corpo no mundo
Malabarista,
com uma civilização de pratos
nas mãos e nos ares,
esse homem escolhe a fera:
pode levar ética ao circo ou
apodrecer preso,
como um mico, e sem ela.

Contorcionista,
se digladia
entre a angústia,
o medo,
a depressão,
a paralisia dos quais
só o seu talento o salvaria
e o salvará:
Ergue-se então este homem flexível
e não mais adia.
Ao contrário,
se apropria de
seus reais valores,
suas oportunidades,
sua criatividade,
sua alegria.

Aqui está o homem:
ave rara de todos os céus,
soberano sujeito de suas possibilidades,
criança sorridente,
domador de seus passos
e ao mesmo tempo palhaço
estendendo seus sublimes braços,
tentáculos no universo,
sobre a lona dessa esfera,
para ser, se quiser,
o maior espetáculo da terra.

Elisa Lucinda

30 de ago. de 2011

Repórter não é polícia; imprensa não é justiça


 Ao voltar de Barretos, o meu correio eletrônico já estava entupido de mensagens de amigos e leitores comentando e me pedindo para comentar a reportagem da revista Veja sobre as “atividades clandestinas” do ex-ministro José Dirceu, um dos denunciados no processo do “mensalão”, que tramita no Supremo Tribunal Federal e ainda não tem data para ser julgado.

Só agora, no começo da tarde de segunda-feira [29/8], consegui ler a matéria. Em resumo, como está escrito na capa, sob o título “O Poderoso Chefão”, ao lado de uma foto em que Dirceu aparece de óculos escuros e sorridente, a revista afirma:

“O ex-ministro José Dirceu mantém um “gabinete” num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma”.

A sustentar a grave “denúncia”, a revista publica dez reproduções de um vídeo em que, além de Dirceu, aparecem ministros, parlamentares e um presidente de estatal entrando ou saindo do “bunker instalado na área vip de um hotel cinco estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas”.

Nas oito páginas da “reportagem” – na verdade, um editorial da primeira à última linha, com mais adjetivos do que substantivos – não há uma única informação de terceiros que não seja guardada pelo anonimato do off ou declaração dos “acusados” de visitar o bunker de Dirceu confirmando a tese da Veja.

Perguntas sem respostas
Fiel a uma prática cada vez mais disseminada na grande mídia impressa, a tese da conspiração de Dirceu contra o governo Dilma vem antes da apuração, que é feita geralmente para confirmar a manchete, ainda que os fatos narrados não a comprovem.

Para dar conta da encomenda, o repórter se hospedou num apartamento no mesmo andar do ex-ministro. Alegando ter perdido a chave do seu apartamento, pediu à camareira que abrisse o quarto de Dirceu e acabou sendo por ela denunciado ao segurança do hotel Naoum Plaza, que registrou um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial de Brasília, por tentativa de invasão de domicílio.

Li e reli a matéria duas vezes e não encontrei nenhuma referência à origem das imagens publicadas como “prova do crime”, o primeiro dos mistérios suscitados pela publicação da matéria. O leitor pode imaginar que as cenas foram captadas pelas câmeras de segurança do hotel, mas neste caso surgem outras perguntas:

                   ** Se o próprio hotel denunciou o repórter à polícia, segundo O Globo de domingo, quem foi que lhe teria cedido estas imagens sem autorização da direção do Naoum?
                   ** Se foi o próprio repórter quem instalou as câmeras, isto não é um crime que lembra os métodos empregados pela Gestapo e pelo império midiático dos Murdoch?
                   ** As andanças pelo hotel deste repórter, que se hospedou com o nome e telefone celular verdadeiros, saiu sem fazer check-out e voltou dando outro nome, para supostamente entregar ao ex-ministro documentos da prefeitura de Varginha, são procedimentos habituais do chamado “jornalismo investigativo”?

As dúvidas se tornam ainda mais intrigantes quando se lê o que vai escrito na página 75 da revista:

“Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão. Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e de seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana [6,7 e 8 de junho, segundo as legendas das fotos] – acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de pessoas do próprio governo”.

A afirmações contidas neste trecho suscitam outras perguntas.

                ** Como assim? Quem do governo estava conspirado contra quem do governo?
                ** Por acaso a revista insinua que foi o próprio governo quem capturou as imagens e as entregou ao repórter da Veja?
                ** Por que a reportagem/editorial só publica agora, no final de agosto, fatos ocorridos e imagens registradas no começo de junho, no momento em que o diretor de Redação da revista está de férias?

Boa lembrança

Só uma coisa posso afirmar com certeza, depois de 47 anos de trabalho como jornalista: matéria de tal gravidade não é publicada sem o aval expresso dos donos ou dos acionistas majoritários. Não é coisa de repórter trapalhão ou editor descuidado.
Ao final da matéria, a revista admite que “o jornalista esteve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades (...) E conseguiu. Mas a máfia não perdoa”.

Conseguiu? Há controvérsias... No elenco de nomes apresentados pela revista como frequentadores do “aparelho clandestino” de Dirceu, no entanto, não encontrei nenhum personagem que seja publicamente conhecido como inimigo do ex-ministro Antonio Palocci.

O texto todo foi construído a partir de ilações e suposições para confirmar a tese – não de informações concretas sobre o que se discutiu nestes encontros e quais as consequências efetivas para a queda de Palocci.

Não tenho procuração para defender o ex-ministro José Dirceu, nem ele precisa disso. Escrevo para defender a minha profissão, tão aviltada ultimamente pela falta de ética de veículos e profissionais dedicados ao vale-tudo de verdadeiras gincanas para destruir reputações e enfraquecer as instituições democráticas.

É um bom momento para a sociedade brasileira debater o papel da nossa imprensa – uma imprensa que não admite qualquer limite ou regra, e se coloca acima das demais instituições para investigar, denunciar, acusar e julgar quem bem lhe convier.

Diante de qualquer questionamento sobre as responsabilidades de quem controla os meios de comunicação, logo surgem seus porta-vozes para denunciar ameaças à liberdade de imprensa.

Calma, pessoal. De vez em quando, convém lembrar que repórter não é polícia e a imprensa não é justiça, e também não deveria se considerar inimputável como as crianças e os índios. Vejam o que aconteceu com Murdoch, o ex-todo-poderoso imperador. Numa democracia, ninguém pode tudo.
  
Por Ricardo Kotscho em 29/08/2011

29 de ago. de 2011

O Anjo Mais Velho

Legalidade 50 anos

Sábado aproveitei o dia e fui prestigiar a Exposição da "Legalidade 50 anos",  alusiva ao cinquentenário do movimento liderado por Leonel Brizola em 1961. A mostra gratuita, montada no térreo do Centro Cultural Usina do Gasômetro , pode ser visitada até o dia 25 de setembro, de terça a sexta-feira.

A exposição foi montada a partir do acervo do jornal Correio do Povo, a mostra é realizada com apoio da Procempa, Carris, Secretaria Municipal da Educação, Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Segurança Urbana, Gabinete de Comunicação Social da prefeitura e Brigada Militar. A proposta temática ocupa todo o térreo da Usina do Gasômetro, dividindo-se em duas alas: a Oeste (Palaciana) e a Leste (Direitos Humanos). Na ala Oeste, a história da Legalidade e de Leonel Brizola; na ala Leste, a Legalidade no Brasil, na América Latina e no mundo. Sete ambientes compõem a exposição.

No espaço dedicado ao "Cine Imperial" são exibidos os documentários "Jango" de Silvio Tendler, "Brizola, tempos de Luta", de Tabajara Ruas e "Assim era Atlântida", de Carlos Manga. 
 
A Mostra
 
Com base no acervo do Correio do Povo,  “Legalidade, 50”, faz  referência a esta epopéia popular. A intenção da exposição é permitir ao públicocontextualizar o período histórico e cultural em que aconteceu o movimento e a grandeza humana do gesto.

A mostra ocupa todo o térreo da Usina do Gasômetro, dividindo-se em duas alas: a Oeste (Palaciana) e a Leste (Direitos Humanos). Na ala Oeste, a história da Legalidade e de Leonel Brizola; na ala Leste, a Legalidade no Brasil, na América Latina e no mundo. Sete ambientes compõem a mostra. Na entrada do Centro Cultural, um gigantesco painel grafitado  pelo artista plástico Erick com a imagem de Leonel Brizola carregando sua metralhadora e Jango sorrindo, a reprodução do terraço do Palácio Piratini, com a platibanda de madeira que servia como o ninho da arma, ao centro o armamento usado pelo Movimento. Uma foto da sacada do Palácio, vislumbrando a multidão na Praça da Matriz. 

 Ala Oeste Palaciana 

 

-Memória Visual: um programa audiovisual, apresentado em três turnos, numa sala de cinema logo na entrada da ala. Filmes: “Tempos de Luta” , de Tabajara Ruas; “Jango” , de Silvio Tendler; e o último pronunciamento de Leonel Brizola na Assembléia Legislativa, onde ele fala longamente sobre o golpe militar.

 -Dia-a-dia da Legalidade: as 13 capas do jornal Correio do Povo, desde a renúncia de Jânio até a posse de Jango, entre 25 de agosto e 7 de setembro e 1961, com personalidades do Movimento em destaque;

- Rádio da Legalidade: reprodução do ambiente, visto através de um vidro, como se fosse o aquário de uma rádio, onde se vê a projeção das fotos da Legalidade. Enquanto assiste as projeções, o público poderá ouvir, em fones individuais, os cinco discursos que Brizola fez na Rede da Legalidade comandada pela Rádio 
Guaíba a partir do porão do Palácio Piratini.

- Leonel Brizola: a trajetória de Brizola contada em cinco painéis, referentes a cada etapa da sua jornada. 1. As eleições; 2. Os governos do Sul, Secretário de Obras, Prefeito, Governador (maquete de uma Brizoleta, o famoso modelo de escola construído por ele), a Legalidade (microfone da Rádio Guaíba usado por Brizola no porão do Palácio); 3. O golpe militar e o exílio, a reorganização do trabalhismo no exterior;4. A volta, os governos do Rio (maquete do Sambódromo construído no Rio de Janeiro); 5. A eternidade das idéias.

 
Passagem de uma ala para outra  
 - Lounge Anos 50/60: diversos aspectos da cultura, moda, teatro, esporte. Brechó sessentista do Cultura Rock Club: público tem a oportunidade de ser fotografado com figurino da época nos displays, entre eles a capa do disco Abbey Road dos Beatles em tamanho gigante. Rádio tocando as grandes músicas da época; eletrodomésticos, um painel com fotos de várias personalidades da época, com relevo de algumas figuras, onde o público pode tirar fotos em meio a Pelé, Brigitte Bardot, Muhammad Ali, entre outros. 
Ala Leste (Direitos Humanos) 
 -Aos trancos e barrancos: uma homenagem a Darcy Ribeiro, parceiro de sonhos do Brizola. Cronologia da década 1954/64 – o suicídio de Getúlio Vargas; o governo Dutra; a mudança da capital e a indústria automobilística no governo Juscelino; o furacão Jânio; João Goulart e a Legalidade; o parlamentarismo e o governo Jango; o golpe militar de 64.
- América Latina e os interesses internacionais, a Guerra Fria: um painel com todas as questões que palpitavam no momento – o plano de educação; reformas de base; o nordeste explosivo; o processo de industrialização; as encampações; Volta Redonda; Varig, CEEE, CRT; a América Latina, Perón, Allende, os avanços e retrocessos; Cuba Livre; Che Guevara.

- Grandes vultos da nossa história: neste ambiente estarão, em recorte de MDF, sobre um monte que simula a “favela” de Canudos, outros importantes líderes populares, que, assim como Brizola, ajudaram a construir a ideia de uma nação brasileira – Getúlio Vargas, Luís Carlos Prestes, Francisco Julião, Carlos Mariguella, Lampião, Antônio Conselheiro, Lamarca, Padre Cícero, João Cândido. Junto a um painel sobre os movimentos populares que marcaram a história do Brasil – a Revolução de 30; a Coluna Prestes; Canudos; Anistia, ampla, geral e irrestrita; Diretas Já; MST. Rádio tocando músicas representativas de conscientização feitas no Brasil.


O Movimento
 Em 1961, o Brasil vivia um período de grande ebulição política. O Presidente Jânio Quadros renuncia em 25 de agosto de 1961, alegando a imposição de “forças ocultas”. O vice-presidente João Goulart (Jango), sucessor constitucional do Presidente, encontra-se em visita à China. Os militares, temendo a instalação de um governo francamente a favor dos trabalhadores, querem impor outra saída, nomeando uma junta militar.

O então Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, organiza um movimento de defesa da Constituição congregando milhares de gaúchos com o apoio da Brigada Militar (a PM gaúcha). A iniciativa conquista a adesão dos estados do Paraná e de Goiás e resiste com firmeza ao iminente golpe. Em 27 de agosto, a Rádio Guaíba é requisitada pelo Governador e, em menos de uma hora, passa a transmitir diretamente do porão do Palácio Piratini. A Guaíba lidera uma rede de 104 emissoras gaúchas, catarinenses e paranaenses, a Cadeia da Legalidade. Propagados em ondas curtas (AM) de longo alcance, os discursos são traduzidos para várias línguas.

No dia 28 de agosto mais de 100 mil pessoas se concentram na Praça da Matriz, quando o Ministério da Guerra ordena o bombardeio do Palácio Piratini. O III Exército não cumpre o comando. Nesse momento crítico, o governo gaúcho distribui cerca de 2 mil revólveres aos manifestantes. O desfecho dos acontecimentos ocorre somente em 7 de setembro, quando João Goulart é empossado Presidente da República, porém sob um regime parlamentarista.

Este Movimento, que agitou o país inteiro na época, ficou conhecido como “Legalidade” e está completando 50 anos neste mês de agosto. Trata-se de um dos maiores feitos da história do nosso estado.

“Não nos submeteremos a nenhum golpe. Que nos esmaguem. Que nos destruam. Que nos chacinem nesse palácio. Chacinado estará o Brasil com a imposição de uma ditadura contra a vontade de seu povo. Esta rádio será silenciada. O certo é que não será silenciada sem balas. Resistiremos até o fim. A morte é melhor do que a vida sem honra, sem dignidade e sem glória. Podem atirar. Que decolem os jatos. Que atirem os armamentos que tiverem comprado à custa da fome e do sacrifício do povo. Joguem essas armas contra este povo. Já fomos dominados pelos trustes e monopólios norte-americanos. Estaremos aqui para morrer, se necessário. Um dia, nossos filhos e irmãos farão a independência de nosso povo.”
 


Palavra de mulher


Vou voltar
Haja o que houver, eu vou voltar
Já te deixei jurando nunca mais olhar para trás
Palavra de mulher, eu vou voltar
Posso até
Sair de bar em bar, falar besteira
E me enganar
Com qualquer um deitar
A noite inteira
Eu vou te amar
Vou chegar
A qualquer hora ao meu lugar
E se uma outra pretendia um dia te roubar
Dispensa essa vadia
Eu vou voltar
Vou subir
A nossa escada, a escada, a escada, a escada
Meu amor eu, vou partir
De novo e sempre, feito viciada
Eu vou voltar
Pode ser
Que a nossa história
Seja mais uma quimera
E pode o nosso teto, a Lapa, o Rio desabar
Pode ser
Que passe o nosso tempo
Como qualquer primavera
Espera
Me espera
Eu vou voltar

Chico Buarque

3 de ago. de 2011

Peleia



Só para não esquecermos... Peleia

Eu, Antonio Carlos Crocco, nome artístico Tonho Crocco, Brasileiro e morador da cidade de Porto Alegre/RS

Chistian Jung
Porto Alegre, 02 de agosto de 2011

Eu, Antonio Carlos Crocco, nome artístico Tonho Crocco, Brasileiro e morador da cidade de Porto Alegre/RS estou sendo processado por intermédio de uma ação no Ministério Público encaminhada em nome do ex-presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul e atual Deputado Federal do PDT GIOVANI CHERINI por crimes contra a HONRA.
A audiência preliminar acontece no dia 22 de agosto de 2011, segunda-feira às 15h no Foro Central de Porto Alegre/RS.

Explicando a situação:
No dia 21 de dezembro de 2010, 36 deputados estaduais votaram a favor do aumento de 73% de seus próprios salários.
O substituto do Projeto de Lei 352/2010, elevou o salário dos parlamentares de R$ 11.564,76 para R$ 20.042,34.

Em menos de 24h consegui compor e gravar o vídeo protesto "Gangue da Matriz" que já recebeu mais de 37 mil visualizações no Youtube e está a disposição para download no www.tonhocrocco.com

A assembléia, representada na época pelo Deputado GIOVANI CHERINI encaminhou ao Ministério Público representação de ilicitude, pedindo providências, na qual fui intimado e indiciado por CRIMES CONTRA A HONRA.
O artigo 138, 139 e 140 do código penal prevê pena de 1 mês a 2 anos de detenção.
Não seria esta ação uma forma de censura à liberdade de expressão?
Não estaria o excelentíssimo Deputado ou a quem ele representou agindo de forma truculenta?

Estaríamos retrocedendo aos tempos da ditadura?

Será mesmo que estamos numa democracia?

Meu verdadeiro temor é que se abra um precedente coibindo as manifestação políticas; principalmente aquelas que usam de vias pacíficas e da ARTE como forma de expressão.

Gostaria de contar com o apoio e mobilização dos que concordam com esta filosofia. Não apenas a classe artística e sim de todas pessoas que compartilham esta visão.

Repasse e divulgue este manifesto.