11 de mai. de 2009

Mulheres Galeanas


Como faço todos os dias das mães vim para Caxias dar um beijo nessas coisas queridas que são a minha mãe e a minha vó. Sempre quando volto resolvo matar saudades de alguma coisa algumas vezes filmes, outras fotografias e por aí vai.

Desta vez resolvi procurar um livro que há muito tempo não lia, aliás tinha o original em espanhol e não consigo lembrar pra quem emprestei... Pois bem encontrei o livro traduzido da minha mãe. Falo de "Mulheres" do Eduardo Galeano, que faz ma grande homenagem as mulheres da América Latina.

Deixo o meu preferido aí é claro... nem preciso dizer porque é o preferido!


Isadora

Descalça, despida, envolvida apenas pela bandeira argentina, Isadora Duncan dança o hino nacional.

Comete esta ousadia numa noite de 1916, num café de estudantes de Buenos Aires, e na manhã seguinte todo mundo sabe: o empresário rompe o contrato, as boas famílias devolvem suas entradas ao Teatro Cólon e a imprensa exige a expulsão imediata desta pecadora norte-americana que veio à Argentina para macular os símbolos pátrios.

Isadora não entende nada. Nenhum francês protestou quando ela dançou a marselhesa com um xale vermelho como traje completo. Se é possível dançar uma emoção, se é possível dançar uma idéia, por que não se pode dançar um hino?

Liberdade ofende. Mulher de olhos brilhantes, Isadora é inimiga declarada da escola, do matrimônio, da dança clássica e de tudo aquilo que engaiole o vento. Ela dança porque dançando goza, e dança o que quer, quando quer e como quer, e as orquestras se calam frente à música que nasce de seu corpo.

Eduardo Galeano

Um comentário:

Unknown disse...

Que lindo!
Me deparei com esse livro numa papelaria... e a dúvida entre adentrar o mundo do Galeano ou o do Sartre irrompeu. Acabei deixando Galeano pra depois, aquele, o do Abraços.
Isa, esse teu jeito me encanta, me encoraja, me dá forças! Adoro teus palpites e opiniões sobre tudo. Tua riqueza cultural e tua mentge aberta.
Saudade,

Flávia