9 de abr. de 2009

Jornalista: que formação?


Deixo aqui um texto da Soninha que foi publicado no Vermelho, no Portal da CTB e no seu Blog www.coisasdesoninha.blogspot.com. Vale a pena conferir!Jornalistas que somos, jornalistas que queremos ser....Jornalistas que teremos!

Jornalista: que formação?


O debate sobre a obrigatoriedade da exigência do diploma de jornalista para o exercício da profissão ganhou força no último período, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou o julgamento do mérito do processo que se arrasta há anos.

No meu entendimento, um debate que não pode ser encerrado. Ao contrário, deve ser feito sob a luz do tipo de comunicação que queremos no nosso país e levando em conta a tradição da esquerda mundial de formar intelectuais do povo, que pelas vias tradicionais (fundamentalmente acadêmica) não tem oportunidades.

Apenas para lembrar, tanto a Lei de Imprensa, quanto a exigência do diploma foram atos do período de autoritarismo que vigeu no país. Trata-se, portanto, de uma contenda que não diz respeito aos jornalistas e veículos de comunicação, mas a toda sociedade, pois refere-se a liberdade de expressão. Cercear o propósito de uma comunicação verdadeiramente democrática e popular, não é papel de uma federação classista como a FENAJ, muito menos da esquerda. Defender o acesso universal ao conhecimento, sim!

O jornalista é aquele que possui a capacidade de traduzir os acontecimentos relevantes em informação, respeitando os preceitos da linguagem e da escrita, estes sim, estabelecidos por regras da ortografia. Tal aprendizado pode ser adquirido na academia. Mas também pode ser adquirido na disposição e, principalmente, talento do profissional, que oferece informação e opinião de maneira plural e diversificada à sociedade.

A qualidade profissional e ética do jornalismo no país não está condicionada ao documento. Nem poderia, pois se há alguma escola que ofereça diploma de ética, deve imediatamente ser denunciada à polícia. Tampouco é possível afirmar que a ausência do certificado permite a ideologização do jornalismo. Seria afirmar que o diploma é garantia de uma imprensa neutra e imparcial, o que definitivamente não existe. Aliás, na própria academia, os professores mais sérios afiançam isso.

A limitação do exercício do jornalismo apenas para quem tem o diploma universitário do curso evita que talentos de variadas procedências possam informar a coletividade e precisa ser vista dentro do conceito de que a liberdade de expressão é uma virtude da sociedade democrática, pela qual, muitos de nós, fomos às ruas.

Não podemos e não devemos negar a importância da academia, mas não podemos acolher que só os que nela passam são capazes, qualificados, éticos. Exemplos não faltam para comprovar.

O que queremos é uma sociedade bem informada. O Brasil precisa ampliar a qualidade da comunicação, que passa obrigatoriamente pelo exercício de um jornalismo plural e diversificado, sob os mais variados matizes, enfoques, critérios de seleção, de interpretação da notícia. E não está condicionada a exigência do título, que acaba por ser uma posição excludente, corporativista e socialmente preconceituosa.

Para ilustrar:

Mino Carta -
Iniciou sua carreira jornalística em 1950 como correspondente do jornal Il Messaggero, de Roma. Entre 1957 e 1960, trabalhou como redator nos jornais La Gazzetta Del Popolo, de Turim, e Il Messaggero de Roma, período em que também foi correspondente do Diário de Notícias, do Rio de Janeiro. Em 1960, já morando no Brasil, fundou a revista Quatro Rodas, pela Editora Abril, pioneira no segmento automobilístico e principal título do setor até hoje. Em 1964, fundou a edição de Esporte do O Estado de S. Paulo, jornal de maior circulação do País. Em 1966, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. Em 1968, fundou Veja, pela Editora Abril, primeira revista semanal de informação do País. Em 1976, fundou a revista IstoÉ , pela Editora Três, segunda semanal de informação do País e concorrente de Veja. De 1982 a 1988, foi diretor de redação da revista Senhor, da Editora Três. De 1988 a 1993, foi diretor de redação da revista IstoÉ, da Editora Três. Em 1994, fundou a revista CartaCapital.

Paulo Henrique Amorim é jornalista desde quando os bichos falavam. Trabalhou na Manchete, Abril, Jornal do Brasil, Globo, Bandeirantes, Cultura, está na Record; foi do Zaz, Terra, UOL, iG e hoje é responsável pelo portal independente Conversa Afiada, localizado em algum ponto da WEB 2.0. Escreveu o livro "Plim-Plim - A Peleja de Brizola contra a Fraude Eleitoral". Formado em Sociologia e Política, não se utilizou nem de uma nem de outra “ciência” para ganhar a vida.

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