29 de ago. de 2011

Legalidade 50 anos

Sábado aproveitei o dia e fui prestigiar a Exposição da "Legalidade 50 anos",  alusiva ao cinquentenário do movimento liderado por Leonel Brizola em 1961. A mostra gratuita, montada no térreo do Centro Cultural Usina do Gasômetro , pode ser visitada até o dia 25 de setembro, de terça a sexta-feira.

A exposição foi montada a partir do acervo do jornal Correio do Povo, a mostra é realizada com apoio da Procempa, Carris, Secretaria Municipal da Educação, Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Segurança Urbana, Gabinete de Comunicação Social da prefeitura e Brigada Militar. A proposta temática ocupa todo o térreo da Usina do Gasômetro, dividindo-se em duas alas: a Oeste (Palaciana) e a Leste (Direitos Humanos). Na ala Oeste, a história da Legalidade e de Leonel Brizola; na ala Leste, a Legalidade no Brasil, na América Latina e no mundo. Sete ambientes compõem a exposição.

No espaço dedicado ao "Cine Imperial" são exibidos os documentários "Jango" de Silvio Tendler, "Brizola, tempos de Luta", de Tabajara Ruas e "Assim era Atlântida", de Carlos Manga. 
 
A Mostra
 
Com base no acervo do Correio do Povo,  “Legalidade, 50”, faz  referência a esta epopéia popular. A intenção da exposição é permitir ao públicocontextualizar o período histórico e cultural em que aconteceu o movimento e a grandeza humana do gesto.

A mostra ocupa todo o térreo da Usina do Gasômetro, dividindo-se em duas alas: a Oeste (Palaciana) e a Leste (Direitos Humanos). Na ala Oeste, a história da Legalidade e de Leonel Brizola; na ala Leste, a Legalidade no Brasil, na América Latina e no mundo. Sete ambientes compõem a mostra. Na entrada do Centro Cultural, um gigantesco painel grafitado  pelo artista plástico Erick com a imagem de Leonel Brizola carregando sua metralhadora e Jango sorrindo, a reprodução do terraço do Palácio Piratini, com a platibanda de madeira que servia como o ninho da arma, ao centro o armamento usado pelo Movimento. Uma foto da sacada do Palácio, vislumbrando a multidão na Praça da Matriz. 

 Ala Oeste Palaciana 

 

-Memória Visual: um programa audiovisual, apresentado em três turnos, numa sala de cinema logo na entrada da ala. Filmes: “Tempos de Luta” , de Tabajara Ruas; “Jango” , de Silvio Tendler; e o último pronunciamento de Leonel Brizola na Assembléia Legislativa, onde ele fala longamente sobre o golpe militar.

 -Dia-a-dia da Legalidade: as 13 capas do jornal Correio do Povo, desde a renúncia de Jânio até a posse de Jango, entre 25 de agosto e 7 de setembro e 1961, com personalidades do Movimento em destaque;

- Rádio da Legalidade: reprodução do ambiente, visto através de um vidro, como se fosse o aquário de uma rádio, onde se vê a projeção das fotos da Legalidade. Enquanto assiste as projeções, o público poderá ouvir, em fones individuais, os cinco discursos que Brizola fez na Rede da Legalidade comandada pela Rádio 
Guaíba a partir do porão do Palácio Piratini.

- Leonel Brizola: a trajetória de Brizola contada em cinco painéis, referentes a cada etapa da sua jornada. 1. As eleições; 2. Os governos do Sul, Secretário de Obras, Prefeito, Governador (maquete de uma Brizoleta, o famoso modelo de escola construído por ele), a Legalidade (microfone da Rádio Guaíba usado por Brizola no porão do Palácio); 3. O golpe militar e o exílio, a reorganização do trabalhismo no exterior;4. A volta, os governos do Rio (maquete do Sambódromo construído no Rio de Janeiro); 5. A eternidade das idéias.

 
Passagem de uma ala para outra  
 - Lounge Anos 50/60: diversos aspectos da cultura, moda, teatro, esporte. Brechó sessentista do Cultura Rock Club: público tem a oportunidade de ser fotografado com figurino da época nos displays, entre eles a capa do disco Abbey Road dos Beatles em tamanho gigante. Rádio tocando as grandes músicas da época; eletrodomésticos, um painel com fotos de várias personalidades da época, com relevo de algumas figuras, onde o público pode tirar fotos em meio a Pelé, Brigitte Bardot, Muhammad Ali, entre outros. 
Ala Leste (Direitos Humanos) 
 -Aos trancos e barrancos: uma homenagem a Darcy Ribeiro, parceiro de sonhos do Brizola. Cronologia da década 1954/64 – o suicídio de Getúlio Vargas; o governo Dutra; a mudança da capital e a indústria automobilística no governo Juscelino; o furacão Jânio; João Goulart e a Legalidade; o parlamentarismo e o governo Jango; o golpe militar de 64.
- América Latina e os interesses internacionais, a Guerra Fria: um painel com todas as questões que palpitavam no momento – o plano de educação; reformas de base; o nordeste explosivo; o processo de industrialização; as encampações; Volta Redonda; Varig, CEEE, CRT; a América Latina, Perón, Allende, os avanços e retrocessos; Cuba Livre; Che Guevara.

- Grandes vultos da nossa história: neste ambiente estarão, em recorte de MDF, sobre um monte que simula a “favela” de Canudos, outros importantes líderes populares, que, assim como Brizola, ajudaram a construir a ideia de uma nação brasileira – Getúlio Vargas, Luís Carlos Prestes, Francisco Julião, Carlos Mariguella, Lampião, Antônio Conselheiro, Lamarca, Padre Cícero, João Cândido. Junto a um painel sobre os movimentos populares que marcaram a história do Brasil – a Revolução de 30; a Coluna Prestes; Canudos; Anistia, ampla, geral e irrestrita; Diretas Já; MST. Rádio tocando músicas representativas de conscientização feitas no Brasil.


O Movimento
 Em 1961, o Brasil vivia um período de grande ebulição política. O Presidente Jânio Quadros renuncia em 25 de agosto de 1961, alegando a imposição de “forças ocultas”. O vice-presidente João Goulart (Jango), sucessor constitucional do Presidente, encontra-se em visita à China. Os militares, temendo a instalação de um governo francamente a favor dos trabalhadores, querem impor outra saída, nomeando uma junta militar.

O então Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, organiza um movimento de defesa da Constituição congregando milhares de gaúchos com o apoio da Brigada Militar (a PM gaúcha). A iniciativa conquista a adesão dos estados do Paraná e de Goiás e resiste com firmeza ao iminente golpe. Em 27 de agosto, a Rádio Guaíba é requisitada pelo Governador e, em menos de uma hora, passa a transmitir diretamente do porão do Palácio Piratini. A Guaíba lidera uma rede de 104 emissoras gaúchas, catarinenses e paranaenses, a Cadeia da Legalidade. Propagados em ondas curtas (AM) de longo alcance, os discursos são traduzidos para várias línguas.

No dia 28 de agosto mais de 100 mil pessoas se concentram na Praça da Matriz, quando o Ministério da Guerra ordena o bombardeio do Palácio Piratini. O III Exército não cumpre o comando. Nesse momento crítico, o governo gaúcho distribui cerca de 2 mil revólveres aos manifestantes. O desfecho dos acontecimentos ocorre somente em 7 de setembro, quando João Goulart é empossado Presidente da República, porém sob um regime parlamentarista.

Este Movimento, que agitou o país inteiro na época, ficou conhecido como “Legalidade” e está completando 50 anos neste mês de agosto. Trata-se de um dos maiores feitos da história do nosso estado.

“Não nos submeteremos a nenhum golpe. Que nos esmaguem. Que nos destruam. Que nos chacinem nesse palácio. Chacinado estará o Brasil com a imposição de uma ditadura contra a vontade de seu povo. Esta rádio será silenciada. O certo é que não será silenciada sem balas. Resistiremos até o fim. A morte é melhor do que a vida sem honra, sem dignidade e sem glória. Podem atirar. Que decolem os jatos. Que atirem os armamentos que tiverem comprado à custa da fome e do sacrifício do povo. Joguem essas armas contra este povo. Já fomos dominados pelos trustes e monopólios norte-americanos. Estaremos aqui para morrer, se necessário. Um dia, nossos filhos e irmãos farão a independência de nosso povo.”
 


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